Pesca da Tainha em Bombinhas – SC: Tradição, Emoção e Patrimônio Cultural de Santa Catarina
Entre os meses de maio e julho, o litoral de Santa Catarina ganha um espetáculo único, que mistura tradição, cultura e emoção: a pesca artesanal da tainha. Esse verdadeiro patrimônio cultural catarinense movimenta praias inteiras, famílias inteiras e desperta o interesse de turistas e moradores que testemunham de perto um dos momentos mais tradicionais do nosso estado.
Se você já viu uma grande movimentação na praia nesta época do ano e se perguntou o que estava acontecendo, é bem provável que estivesse presenciando um cerco de tainha. Neste artigo, você vai entender tudo sobre essa tradição centenária, que vai muito além da pesca – é uma verdadeira herança viva da cultura do litoral catarinense.
A pesca da tainha em Bombinhas – SC e em todo o litoral de Santa Catarina é uma prática artesanal realizada há gerações. O processo, chamado de "cerco", é uma verdadeira coreografia coletiva entre mar, pescadores e a comunidade.
A técnica exige habilidade, estratégia, e uma conexão profunda com o mar. Ela envolve canoas centenárias, rede de até 300 metros de comprimento, vigias posicionados nos morros com binóculos em mãos e muita união da comunidade pesqueira.
Um dos elementos mais simbólicos da pesca artesanal da tainha são as canoas de madeira, que muitas vezes têm mais de 100 anos de história. Cada canoa possui um nome próprio, um documento oficial, e carrega as histórias de gerações de pescadores.
Como conta o Seu João, um dos mestres da tradição, essas embarcações não são apenas ferramentas de trabalho – são verdadeiros membros da família, com alma, passado e identidade.
Tudo começa com os vigias, posicionados em pontos estratégicos da praia e dos morros, observando o mar. Quando um cardume de tainha é avistado se aproximando da costa, o alarme é dado: é hora de lançar a canoa ao mar!
Na canoa:
Os romeiros remam com força e agilidade;
O chumbeireiro lança os chumbos e a rede com precisão;
O patrão, em pé na embarcação, comanda o lance e dá todas as ordens para que a rede cerque o cardume com sucesso.
Quanto mais rápida for a ação, maiores as chances de sucesso. A tainha é um peixe esperto e ágil — qualquer erro e o cardume pode escapar.
Quando a ponta da rede chega à praia, forma-se um mutirão. Pessoas de todas as idades, moradores, turistas, crianças e idosos se posicionam para ajudar a puxar a rede. A tradição permite que qualquer pessoa participe, promovendo a inclusão e o espírito comunitário.
E tem mais: quem ajuda no arrasto pode, inclusive, ser recompensado com uma tainha, se a pescaria for generosa.
À medida que a rede vai chegando à areia, a expectativa cresce. Será que o cardume foi cercado com sucesso? Os olhares se voltam para o interior da rede, o silêncio se mistura com a tensão, até que… a tão desejada tainha aparece. É festa na areia!
A vibração e a alegria contagiam a todos. É o sustento de famílias inteiras, é cultura viva, é tradição que pulsa com força nas areias de Bombinhas – SC.
Você pode até achar que a pesca é modesta, mas saiba que o rancho do Seu João já retirou impressionantes 9 mil tainhas em um único lance. São momentos como esse que marcam a memória da comunidade e mostram a grandeza dessa prática tradicional.
Depois da emoção, vem a organização. Enquanto alguns pescadores começam a contar as tainhas capturadas, outros já estão recolhendo a rede, guardando cuidadosamente na canoa e se preparando para o próximo cerco.
A pesca da tainha é ritmo, tradição e trabalho árduo, mas também é celebração, conexão com o mar e com as raízes da nossa cultura.
A pesca da tainha em Bombinhas – SC é um espetáculo que vale a pena vivenciar. Muito mais do que capturar peixes, é uma prática ancestral que une gerações, comunidades e visitantes. É a prova de que o respeito à natureza, ao tempo e às tradições pode (e deve) ser mantido vivo.
Se você estiver em Bombinhas entre maio e julho, não perca a chance de assistir – ou até participar – de um cerco de tainha. É uma experiência que vai ficar gravada na sua memória.